MINISTRO
TAVARES DE LYRA. (FOTO: ACERVO INSTITUTO TAVARES DE LYRA)
Augusto
Tavares de Lyra é uma figura solar no universo histórico potiguar. Nomeia uma
avenida no bairro da Ribeira, em Natal; um bairro residencial em Macaíba,
avenidas no Rio de Janeiro (Flamengo, Botafogo, Jardim Botânico e Laranjeiras),
São Paulo e Bahia. É patrono da principal condecoração da prefeitura de Macaíba
e do mérito eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral do RN. Patrono do Fórum de
Macaíba, onde também é nome de Grêmio estudantil no Colégio Estadual “Dr.
Severiano”. Não obstante ter sido historiador, escritor e político de renome
nacional, ele permanece desconhecido das novas gerações.
Augusto Arthur
de Lyra Tavares, este o seu nome de batismo, que mais tarde, quando estudante
no Recife, o modificou para Augusto Tavares de Lyra, nasceu na Vila da Macaíba,
na noite de Natal de 1872, filho do coronel Feliciano Pereira de Lyra Tavares
(*1843 +1910), comerciante e político e de Maria Rosalina de Albuquerque
Vasconcelos (*1852 +1899), compondo uma prole de oito irmãos, sendo quatro
mulheres; Inês Tavares Alecrim, Maria Augusta, Maria Adélia e Maria Alice de
Lyra Tavares, e quatro homens; Dr. Luiz Tavares de Lyra, Cel. Feliciano de Lyra
Tavares Filho, Senador João de Lyra Tavares e Major José Antônio de Lyra
Tavares, este último fundador da família Tavares de Macaíba, do qual eu
descendo em linha direta.
Casou-se em
Natal, em 1902, com Sophia Eugênia de Albuquerque Maranhão, filha do Senador
Pedro Velho e de Petronila Pedroza, constituindo uma família de seis filhos:
Sophia Augusta de Lyra Tavares, Pedro Velho Neto, Augusto Tavares de Lyra
Filho, Madre Cora Tavares, Carlos Tavares de Lyra e Madre Carmem Maria Tavares
de Lyra.
Tavares de
Lyra fez seus estudos em Macaíba, Natal e terminou-os em Recife, onde
bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em dezembro de 1892. Foi Doutor
em Direito pela faculdade do Rio de Janeiro, em 1915, na qual foi empossado
professor. Após sua formatura, abriu escritório em Natal, na rua 13 de maio
(Princesa Isabel) e foi redator do Jornal A República, onde assinava a coluna Em
vários tons, onde já em 1893, Tavares de Lyra defendia a reforma
educacional e a formação do professor.
Iniciou sua
vida pública como Deputado Estadual aos 22 anos, não tomando posse pelo fato de
ter sido eleito também Deputado Federal pelo RN de 1894 a 1904, destacando-se
como líder da sua bancada.
Eleito
Governador do seu estado em 1904, aos 32 anos, criou o Banco do Natal,
posteriormente denominado BANDERN e promoveu o desenvolvimento da indústria
açucareira, salineira e algodoeira. No tocante a educação, equiparou o Atheneu
potiguar ao colégio Pedro II.
Renunciou ao
governo do Estado em 1906, por insistência de Pedro Velho, para assumir a pasta
de ministro da Justiça e Negócios Interiores, na presidência de Afonso Pena,
quando oficializou a ortografia Brasileira, entre outras coisas, permanecendo
nesse ministério até 1909.
Ainda como
ministro da Justiça, em 1907, Tavares de Lyra elabora um projeto de reforma do
ensino por entender que a educação deveria ser abordada sob múltiplas faces.
Tal reforma caracteriza-se pelo pioneirismo na ideia da intervenção direta e
imediata da União na educação. Naquela época, o país mudava economicamente do
modelo agrário para o industrial e era necessário capacitar mão de obra, o que
também motivou o presidente Afonso Pena encaminhar o projeto para discussão e
apreciação pelo Congresso Nacional.
De 1910 a
1914, foi senador da república pelo Rio Grande do Norte, sendo líder do governo
Hermes da Fonseca, embora fosse o mais novo dos senadores. Foi membro das
comissões de Constituição e Justiça, de Diplomacia e de Finanças.
A 15 de
Novembro de 1914, assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas, e seria o
titular da pasta até o fim do mandato de Wenceslau Brás, foi ainda nesse
período ministro interino da Fazenda em duas ocasiões. Neste ministério,
avaliou Alcino Guanabara a personalidade de Tavares de Lyra destacando ser o
mesmo: “um homem calmo, de espírito justo, suave nas maneiras, sabendo
firmemente o que quer, sem preocupações de vaidade pessoal, não mercadejando
aplausos, contentando-se em ser julgado pelos seus atos, como eles o merecem, é
efetivamente um bem precioso para o governo”.
Por fim, foi
nomeado ministro, depois presidente do Tribunal de Contas da União, tomando
posse a 30 de Novembro de 1918, foi relator da primeira prestação de contas de
um Presidente da República. Através desse ministério, aposentou-se em 1940.
Por uma
questão de dois meses para desincompatibilizar-se por haver sido Ministro de
Estado até 15 de novembro de 1918, não foi escolhido para disputar a
presidência da República, após a morte de Rodrigues Alves. Segundo ainda o
deputado José Ferreira de Souza: duas ou três vezes, em momentos graves, foi
lembrado como candidato de conciliação ao mais alto posto da República. Já na
sucessão de Arthur Bernardes, quando o senador Mello Viana falou no candidato
ideal, falava-se: Aí está a moldura. O quadro é Tavares de Lyra.
Tavares de
Lyra pertenceu ao grupo de brasileiros que fez parte dos três poderes da
República. Executivo: Governador do Estado, Ministro da Justiça, Ministro da
Viação e Obras Públicas, Ministro da fazenda. Legislativo; Deputado Estadual,
Deputado Federal, Senador da República. Judiciário; Ministro e Presidente do
Tribunal de Contas da União.
Como
intelectual produziu incansavelmente. Sua bibliografia alcança cerca de 70 volumes,
hoje muitos raridades, destacando-se a primeira História do Rio Grande do Norte
de 1922.
Em 1952,
teve seu nome inscrito no livro do Mérito Nacional pelos relevantes serviços
prestados a Nação Brasileira, na ocasião do recebimento do diploma no Palácio
do Catete, o presidente Getúlio Vargas afirmou: o Ministro Tavares de Lyra é
uma relíquia da Pátria!
Por fim, no
dia 22 de Dezembro de 1958, no Rio de Janeiro, instalado em um apartamento
alugado e repousando em uma cama obtida por empréstimo, o macaibense ministro
Augusto Tavares de Lyra fechava os olhos ao tempo e os abria para a eternidade,
deixando o legado imperecível de um nome limpo e honrado, uma vida que no dizer
do escritor Luís da Câmara Cascudo foi “uma linha reta, limpa e clara”.
FONTE –
BLOG HISTÓRIA E GENEALOGIA, DE ANDERSON
TAVARES DE LYRA